“Havia
um tempo de cadeiras na calçada. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo
em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era
um grande personagem. E também o relógio da parede! Ele não media o tempo
simplesmente: ele meditava o tempo”.
OH!
TEMPO BOM DE CADEIRAS NA CALÇADA! SAUDADES!!!
Já
não é possível caminharmos sozinhos. Depois de certo tempo e algumas
evidências, percebemos que a nossa bagagem torna-se muito mais ampla, pesada,
sobrecarregada, e descobrimos que somos a soma daquilo que vivemos que descobrimos
que escolhemos que deixamos para trás. Somos a concretização dos nossos planos
e a finalização de ciclos. Somos a morte de um tempo e a esperança por novos
dias. Somos as cadeiras na calçada de nossa infância, a chaleira apitando na
cozinha, o melado raspado no fundo da panela, as bolinhas de feijão acariciado
pelas mãos já calejadas da vovó. Somos o relógio marcando a hora de voltar para
casa, o andar descalço na ponta dos pés enquanto todos dormem, a flor roubada
amanhecendo no chão do nosso quintal. Somos tudo isso e muito mais. Somos
encontro, certeza, realidade e verdade. Somos lembrança, desistência e
recomeço. Somos início, meio, somos fim. A vida é marcada pela inconstância do
tempo, das coisas, das pessoas. Sabemos que, em um momento ou outro, teremos
que andar sozinhos, mas ainda assim levaremos conosco tudo o que permanece
morando em nós.
Valéria.








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