PRECISA-SE DE MATÉRIA PRIMA PARA CONSTRUIR UM
PAÍS
Por João Ubaldo Ribeiro
A crença geral é que nenhum presidente serve… ora é
ladrão, ou corrupto ou farsante… será que o problema não está em
nós?
Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.
Pertenço a um país onde a “esperteza” é valorizada.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada, do
que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os
jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, em caixas nas
calçadas onde se paga por um só jornal e se tira um só jornal, deixando os
demais onde estão.
Pertenço ao país onde as “empresas privadas ou as
repartições públicas” são papelarias particulares de seus empregados
desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis,
canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos… e
para eles mesmos.
Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo
porque conseguiu “puxar” a TV a cabo do vizinho, onde a gente frauda
a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito, onde os diretores das
empresas não valorizam o capital humano, onde há pouco interesse pela ecologia,
onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não
limpar os esgotos.
Onde fazemos “gatos” para roubamos luz e água e nos
queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela
leitura e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica.
Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos
e leis que só servem para afundar os que não tem, encher o saco dos que tem
pouco e beneficiar só a alguns privilegiados.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e
os certificados médicos podem ser “comprados”, sem fazer nenhum exame. Um país
onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou
um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que
dorme para não dar o lugar. Pertenço a um país onde as carteiras de
motorista e os certificados médicos podem ser “comprados”, sem fazer nenhum
exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança
nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está
sentada finge que dorme para não dar o lugar.
Um país no qual a prioridade de passagem é para o
carro e não para o pedestre, onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos
esbaldamos em criticar nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos dos
presidentes, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem
“molhei” a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto um é culpado, melhor sou
eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um alguém
através de uma pequena fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não,
não, não. Já basta.
Temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para
sermos o que nosso país precisa.
Esses defeitos, essa “esperteza brasileira”, essa
desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em
casos de escândalos, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor,
Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma, é que é real e honestamente ruim,
porque todos eles são brasileiros como nós, eleitos por nós. Nascidos aqui, não
em outra parte.
Eu me entristeço porque, ainda que Dilma
renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que a suceder terá que continuar
trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós
mesmos. E não poderá fazer nada. A MAIOR POSSIBILIDADE DE MUDANÇA ESTÁ EM
NÓS.
Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa
fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a
erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula,
Dilma e nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um
ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa “outra
coisa” não comece a surgir seguiremos igualmente condenados,
igualmente estancados… igualmente sacaneados!
É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando
essa brasilidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas
possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda…
Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a
ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar, um novo governante com os
mesmos brasileiros não poderá fazer muita coisa. Está muito claro…
Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto se encaixa muito bem em tudo o
que anda nos acontecendo, por isso, vamos melhorar nosso comportamento e não
nos façamos de surdos, desentendidos.
Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro
que o encontrarei quando me olhar no espelho. Aí está. Não preciso procurá-lo
em outro lugar.
E você, o que pensa? MEDITE!
Amigos,
Texto “Precisa-se de Matéria Prima para construir um
país”, atribuído a João Ubaldo Ribeiro. Nesse texto, ele começa falando que a
esperteza é a moeda que sempre é valorizada pelos Brasileiros, e segue falando
de todas as nossas mazelas, de todos os nossos comportamentos nada honestos, de
nossa desonestidade em pequena escala. Finaliza o texto, dizendo que decidiu
procurar o responsável por tudo isso, não para castigar, mas para exigir que
melhore o comportamento e não se faça de surdo ou de desentendido. A conclusão
que ele chega é que vai encontrar o responsável quando se olhar no espelho.
Bom, esse texto me tocou profundamente
porque eu acredito que a mudança começa por nós mesmos; por pequenas atitudes;
por deixar de lado a esperteza e agir de forma consciente e responsável.
Eu, particularmente, concordo com o texto, pois enquanto não mudarmos nossa
postura tudo continuará como estar, afinal, nosso país é resultado da atitude
de cada brasileiro.
Então, meu convite a cada um é: vamos aproveitar o
momento e rever nossas atitudes, nossos comportamentos. Vamos mudar o
Brasil, começando por nossa mudança interna! Estou convicta de que se cada
brasileiro procurar mudar suas atitudes, nas próximas eleições teremos
políticos mais alinhados e com o propósito de tornar o Brasil e o mundo cada
dia melhor.
Muita Luz e Paz pra Todos!
Valéria.
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