segunda-feira, 30 de março de 2015

Gente da Gente



PRECISA-SE DE MATÉRIA PRIMA PARA CONSTRUIR UM PAÍS

Por João Ubaldo Ribeiro

A crença geral é que nenhum presidente serve… ora é ladrão, ou corrupto ou farsante…  será que o problema não está em nós?
Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.
Pertenço a um país onde a “esperteza” é valorizada. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada, do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, em caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal e se tira um só jornal, deixando os demais onde estão.
Pertenço ao país onde as “empresas privadas ou as repartições públicas” são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos… e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu “puxar” a TV a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito, onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano, onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde fazemos “gatos” para roubamos luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela leitura e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica. Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar os que não tem, encher o saco dos que tem pouco e beneficiar só a alguns  privilegiados.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser “comprados”, sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser “comprados”, sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar.
Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre, onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos dos presidentes,  melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem “molhei” a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto um é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um alguém através de uma pequena fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não, não, não. Já basta.
Temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos o que nosso país precisa.
Esses defeitos, essa “esperteza brasileira”, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalos, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, eleitos por nós. Nascidos aqui, não em outra parte.
Eu me entristeço porque, ainda que Dilma renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que a suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada. A MAIOR POSSIBILIDADE DE MUDANÇA ESTÁ EM NÓS.
Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma e nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa “outra coisa” não comece a surgir  seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados… igualmente sacaneados!
É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda…
Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar, um novo governante com os mesmos brasileiros não poderá fazer muita coisa. Está muito claro…
Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto se encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo, por isso, vamos melhorar nosso comportamento e não nos façamos de surdos, desentendidos.
Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro que o encontrarei quando me olhar no espelho. Aí está. Não preciso procurá-lo em outro lugar.

E você, o que pensa? MEDITE!

Amigos,
Texto “Precisa-se de Matéria Prima para construir um país”, atribuído a João Ubaldo Ribeiro. Nesse texto, ele começa falando que a esperteza é a moeda que sempre é valorizada pelos Brasileiros, e segue falando de todas as nossas mazelas, de todos os nossos comportamentos nada honestos, de nossa desonestidade em pequena escala. Finaliza o texto, dizendo que decidiu procurar o responsável por tudo isso, não para castigar, mas para exigir que melhore o comportamento e não se faça de surdo ou de desentendido. A conclusão que ele chega é que vai encontrar o responsável quando se olhar no espelho.
Bom, esse texto me tocou profundamente porque eu acredito que a mudança começa por nós mesmos; por pequenas atitudes; por deixar de lado a esperteza e agir de forma consciente e responsável. Eu, particularmente, concordo com o texto, pois enquanto não mudarmos nossa postura tudo continuará como estar, afinal, nosso país é resultado da atitude de cada brasileiro.
Então, meu convite a cada um é: vamos aproveitar o momento e rever nossas atitudes, nossos comportamentos. Vamos mudar o Brasil, começando por nossa mudança interna! Estou convicta de que se cada brasileiro procurar mudar suas atitudes, nas próximas eleições teremos políticos mais alinhados e com o propósito de tornar o Brasil e o mundo cada dia melhor.
Muita Luz e Paz pra Todos!
Valéria.










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