O VESTIDO DE DONA MARISA E A CRÔNICA DA CRUCIFICAÇÃO: Por Eduardo
Carneiro.
Lembram-se desse vestido? Lembram? Dona Marisa Letícia foi à
Primeira Dama a recusar os vestidos dos grandes estilistas europeus e
brasileiros e a usá-lo na posse do marido Presidente. Ao usá-lo, feito por 25
bordadeiras de Pernambuco, Dona Marisa, já na posse, apresentou ao mundo a
Arte, a cultura e a vida simples de um povo. Isso a consagrou por "toda a
imprensa" nacional e internacional como uma mulher do povo. O Brasil foi
bem. o Brasil foi muito bem! Até que o Brasil foi mal. E bastou ir mal, para
que todo o bem desaparecesse. Somos um país de extremos quase primitivos.
Nossas emoções são quase instintos e estamos em todos os lugares. Um grupo
comemora a morte de Eduardo Campos, outro rir da "filha” Clarissa
Garotinho implorando pelo "Pai, escárnio porque Bolsonaro filho passou mal
em debate, vibram alguns com a queda do avião que matou Teori e agora fogos na
porta do hospital em que morreu Dona Marisa. A do vestido lembram? Não! Não
lembramos de todos os crimes que cometemos em nome das nossas verdades.
Desumanizamo-nos! Só enxergamos aquilo que faz parte da nossa crença pessoal.
"Intolerantes! “Gritam intolerantes alguns contrariados”. Agora que
voltamos ao tempo do apedrejamento em praça pública, pergunto quem irá preparar
a cruz, o prego, o vinagre e a melhor roupa para a crucificação final. Vamos
assistir juntos ao final desse espetáculo. Aplaudir! Mas não se esqueçam de
colocar seu melhor VESTIDO e TERNO (na ausência da ternura). Porque nos dias de
hoje a gente só vale o que veste. Vá em paz Dona Marisa! As rendeiras, a arte,
a história e eu a agradecemos por tudo. Até pelos seus erros, que embora não os
conheça, deve os ter. Mas quem sou eu para julgá-la? Quem sou eu? QUEM SOMOS
NÓS?A morte que me entristece não é a dela, mas a nossa.
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