OS TRÊS REINOS
VISÃO DE CONJUNTO
De acordo
com os pressupostos espíritas, Deus criou os Espíritos - simples e ignorantes com a determinação de se tornarem perfeitos.
Assim, o progresso do Espírito é sempre compulsório: podemos estacionar por
algum tempo, mas os acicates da vida nos impulsionarão para o desenvolvimento
ulterior.
Ainda que
haja controvérsias, diz-se que o princípio inteligente ou mônada celeste
estagia nesses reinos, começando no mineral e indo até o hominal, extraindo de
cada um deles os subsídios necessários para a sua evolução. É por isso que tudo
se encadeia na natureza, desde o átomo ao arcanjo.
Para J.
H. Pires, "a Ontogênese Espírita, ou seja, a teoria doutrinária da criação
dos Seres (do grego: onto é
Ser; logia é estudo,
ciência) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino
hominal. Essa teoria da evolução é mais audaciosa que a de Darwin. Léon Denis a
definiu numa sequencia poética e naturalista: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no
homem. Entre cada uma dessas fases existe uma zona intermediária, como
se pode verificar nos estudos científicos". (1984, p. 93)
REINO MINERAL
Allan
Kardec escreve pouco sobre esse reino. Diz-nos que ele é constituído de matéria
inerte, e não possui mais do que uma força mecânica. Os minerais não têm
vitalidade e nem movimentos próprios, sendo formado apenas pela agregação da
matéria. São os chamados seres inorgânicos da natureza. A pedra, por exemplo,
não apresenta sinal de vida. Pode-se dizer que o característico básico dessa
fase é a atração,
presenciado claramente no fenômeno do magnetismo.
Na
intermediação com o reino vegetal, que lhe vem a seguir, investigações
científicas descobriram a geração espontânea dos vírus nas estruturas
cristalinas. Os vírus se situam na encruzilhada dos reinos mineral, vegetal e
animal, como uma espécie de ensaio para ordenações futuras.
REINO VEGETAL
As
plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade. Elas não
pensam, não têm mais do que a vida orgânica. Podem ser afetadas por ações sobre
a matéria, mas não têm percepções; por conseguinte, não têm a sensação de dor.
Como não pensam, não podem ter vontade, e não têm consciência de si mesma; nada
mais possuem que um instinto natural e cego. O próprio instinto de conservação
é puramente mecânico.
O
característico básico dessa fase é a sensação.
Na
intermediação com o reino hominal, que lhe vem a seguir, existe a zona dos
vegetais carnívoros.
Os
animais, constituídos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm uma
espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua
existência e de sua individualidade. Eles não agem só por instinto. Além do
instinto, não poderia negar a certos animais a prática de certos atos combinados,
que denotam a vontade de agir num sentido determinado e de acordo com as
circunstâncias. Há neles, portanto, uma espécie de inteligência, mas cujo
exercício é mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer às suas
necessidades físicas e prover à conservação. Não há entre eles nenhuma criação,
nenhum melhoramento; qualquer que seja a arte que admiremos em seus trabalhos,
aquilo que faziam antigamente é o mesmo que fazem hoje. O João de Barro, por
exemplo, constrói o seu ninho sempre da mesma maneira.
Pergunta
595 de O Livro dos Espíritos - Os animais têm livre arbítrio?
Não são simples máquinas, mas sua liberdade de
ação é limitada pelas suas necessidades, e não pode ser comparada à do homem.
Sendo muito inferiores a este, não têm os mesmos deveres. Sua liberdade é
restrita aos atos da vida material. A sua escolha é mecânica, por instinto. Na
comparação do homem ao animal, Allan Kardec na pergunta 597 A de O Livro dos Espíritos diz:
"há, entre a alma dos animais e a do homem tanta distância quanto entre a
alma do homem e Deus". A característica principal dessa fase é a
elaboração do instinto. Na zona de intermediação entre o reino animal e o reino
hominal estão situados os antropóides.
REINO HOMINAL
O homem,
tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras
classes por uma inteligência especial, ilimitada, que lhe dá a consciência do
seu futuro, a percepção das coisas extramateriais e o conhecimento de Deus.
André
Luiz em Evolução em Dois Mundos cita
que o princípio inteligente estagiando na ameba adquire os primeiros
automatismos do tato; nos
animais aquáticos, o olfato;
nas plantas, o gosto; nos
animais, a linguagem. Hoje
somos o resultado de todos os automatismos adquiridos nos vários reinos da
natureza. Assim, no reino mineral adquirimos a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. (Xavier, 1977,
cap. 4) Diz ainda que "nas linhas da civilização o reflexo precede o
instinto, este à atividade refletida, esta à inteligência, esta, por sua vez, à
razão e, finalmente, esta à responsabilidade".
A
característica principal deste reino, como uma síntese de todos os anteriores,
é o aparecimento do Pensamento
Contínuo, do Livre-Arbítrio e da Responsabilidade Moral.
O homem é
um ser a parte. O Espírito, encarnando-se no homem, transmite-lhe o princípio
intelectual e moral, que o torna superior aos animais. O Espírito ao
purificar-se liberta-se pouco a pouco da influência da matéria.
CONCLUSÃO
Três
reinos e o homem encerra todo o processo de evolução alcançado pelo
desenvolvimento do princípio inteligente. O próximo passo é transformar-se no
reino angélico, em que estaria livre de todas as influências da matéria.
GLOSSÁRIO
Antropoides - Grupo de símios catarríneos do Velho
Continente, que compreende os chimpanzés, os gorilas e os orangotangos, bem
como algumas espécies fósseis. São desprovidos de cauda e ocasionalmente
bípedes. Semelhante ao homem.
Seres inorgânicos - são os que não possuem vitalidade nem
movimentos próprios, sendo formados apenas pela agregação da matéria: os
minerais, a água, o ar etc.
Seres orgânicos - são os que trazem em si mesmos uma fonte de
atividade íntima, que lhes dá vida; nascem, crescem, reproduzem-se e morrem;
são providos de órgãos especiais para a realização dos diferentes atos da vida
e apropriados às necessidades de sua conservação. Compreendem os homens, os
animais e as plantas.
Vírus - são micro-organismos não celulares, a
maioria dos quais muito menores do que bactérias. Reproduzem-se ou replicam-se,
unicamente dentro de células vivas, muitas vezes, mas nem sempre, os quais
podem ter qualquer outra forma de vida na Terra. (os vírus, em si, podem ser
considerados como vivos ou não vivos)
Vitalidade ou princípio vital - é a força inerente aos
corpos organizados, que dá movimento e atividade aos seres orgânicos e os
distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é vida. Esse
movimento ela o recebe, não o dá.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC,
A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
PIRES, J.
H. Mediunidade (Vida e Comunicação) - Conceituação, da Mediunidade e Análise
Geral dos seus Problemas Atuais . 5. ed., São Paulo, Edicel, 1984.
XAVIER,
F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed.,
Rio de Janeiro, FEB, 1977.
Charles Darwin, naturalista
inglês (1809-1882) que, no seu livro Evolução das Espécies, publicado em 1859,
mostra o sistema de história natural cuja conclusão extrema é o parentesco
fisiológico e a origem comum de todos os seres vivos, com a formação de novas
espécies por um processo de seleção natural. No caso, a teoria espírita é mais
audaciosa, porque corrobora com a ideia de que é a evolução do Espírito e não a
da matéria o que conta.
Fonte:
Portal do Espírito.
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