"O
meu pai era paulista/ Meu avô, pernambucano/ O meu bisavô, mineiro/ Meu
tataravô, baiano/ Meu maestro soberano/ Foi Antônio Brasileiro."
Esses
são os primeiros versos da canção "Paratodos", gravada por Chico
Buarque em 1993. Nela, celebrando seus ascendentes familiares e seu padrinho
musical (Tom Jobim,
o "Antônio Brasileiro"), Chico presta uma homenagem a todos os
brasileiros.
Nascido
numa família de intelectuais (o pai foi o historiador e sociólogo Sergio Buarque de
Holanda), Francisco Buarque de Hollanda mudou-se ainda
criança do Rio para São Paulo. Na capital paulista, fez os estudos primários e
secundários no Colégio Santa Cruz, onde se apresentou pela primeira vez num
palco, com "Canção dos Olhos", uma composição sua.
Em
1963, ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (que cursaria só
até o terceiro ano). No ano seguinte, inscreveu-se no festival promovido pela
TV Excelsior (São Paulo) com "Sonho de um Carnaval", cantada por
Geraldo Vandré. Começou a ficar conhecido, passando a apresentar-se no Teatro
Paramount. Ainda em 1964, participou do programa "O Fino da Bossa",
comandado pela cantora Elis Regina.
Sua
primeira gravação, de 1965, foi o compacto "Olé Olá". A consagração,
no entanto, viria com o festival de MPB da TV Record (São Paulo). Chico
concorreu com a marcha "A Banda", que foi interpretada por Nara Leão e
venceu o festival (junto com "Disparada", de Geraldo Vandré). Chico
ganhou projeção nacional, e sua carreira tomou impulso.Com o acirramento da ditadura militar
estabelecida em 1964, a produção artística de Chico sofreu
grande impacto. Em 1967, ele estreou o espetáculo "Roda-Viva", que
acabou censurado. Em 1968, dada a repressão política, Chico preferiu o exílio
na Itália. Ali nasceu a primeira filha, Sílvia (viriam ainda Helena e Luísa).
Voltou
para o Brasil em 1970 e lançou o álbum "Construção" no ano seguinte.
Em 1972, foi ator em "Quando o Carnaval Chegar", filme de Cacá
Diegues para o qual havia composto várias músicas. Chico Buarque ainda faria a
trilha sonora do filme "Vai Trabalhar, Vagabundo", dirigido pelo ator
Hugo Carvana em 1973.
Também
em 1973, em parceria com o dramaturgo Ruy Guerra, escreveu o texto e as músicas
da peça "Calabar, o Elogio da Traição". A peça foi proibida, embora
algumas canções tivessem sido gravadas em disco. Em 1974, Chico lançou o álbum
"Sinal Fechado", interpretando músicas de outros compositores, e
iniciou nova carreira, como escritor, publicando a novela "Fazenda
Modelo". No ano seguinte, escreveu com o dramaturgo Paulo Pontes a peça
"Gota d'Água".
Em
1975, Chico lançou o disco "Os Saltimbancos", uma fábula musical que
ele traduziu e adaptou do italiano "I Musicanti", de Luiz Enriquez e
Sergio Bardotti. As canções foram grande sucesso e serviram para a montagem
teatral "Os Saltimbancos".
Três
anos depois, Chico escreveu e compôs as canções da "Ópera do
Malandro", peça com a qual ganhou o Prêmio Molière de melhor autor teatral
de 1978.
Em
1979, publicou "O Chapeuzinho Amarelo", um livro infantil. Em 1992,
viria o primeiro romance, "Estorvo" e, em 1995, o segundo,
"Benjamin". Chico foi se afastando progressivamente da música para
dedicar à literatura, e em 2003 publicou "Budapeste", romance que se
tornou sucesso de público e crítica.
CHICO
BUARQUE DE HOLLANDA: UM ARTISTA DE MÚLTIPLOS SUPERLATIVOS!
Chico
Buarque é um artista de múltiplas facetas e com uma obra tão vasta e variada
que se pode trabalhar espetáculos sobre sua obra de infinitas maneiras. Pode-se
analisá-lo sob o ponto de vista de um trovador, de um malandro, de uma mulher,
do político, do escritor e mais uma infinidade de perspectivas. Ele já foi
considerado “unanimidade nacional”, chamado de “alienado” pelos tropicalistas e
invocado como “a voz dos exilados brasileiros”. Hoje, é “apenas” uma referência
obrigatória em qualquer citação à música brasileira a partir dos anos 60 e já
foi eleito o músico brasileiro do século. Nos últimos quarenta anos, não há
como separar a influência poética, harmônica e melódica de suas composições do
amadurecimento da MPB. Ele também fica marcado na música brasileira como o
homem que melhor conseguiu compor como mulher. “Mulheres de Atenas” é uma das
pérolas de seu lirismo feminino. Chico é também um bom escritor. Em seus
momentos mais maduros concebeu obras de estrutura inteligente. Conseguiu
momentos incrivelmente divertidos e produziu trechos notáveis do ponto de vista
literário. Eu me sinto privilegiada por pertencer a um país que existe um
criador tão genial como Chico Buarque de Hollanda. Que Deus proteja sempre essa
mente privilegiada e inesgotável! Paz e Luz pra você, Chico! Muitas Bênçãos
Divinas!
Com
carinho e admiração!
Valéria.

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